Olho-te: és negra.
Olhas-me: sou branca.
Mas sorrimos as duas
na tarde que se adeanta.
Tu sabes e eu sei:
o que ergue altivamente o meu vestido
e o que soergue a tua capulana,
é a mesma carga humana
Quando soar a hora
determinada, crua, dolorosa
de conceder ao mundo o mistério da vida,
seremos tão iguais, tão verdadeiras,
tão míseras, tão fortes
E tão perto da morte...
que este sorriso de hoje,
na tarde que se esvai,
é testemunho exacto
do erro das fronteiras raciais.
Dos nosso ventres altos,
os filhos que brotarem
nos chamarão com a mesma palavra.
E ambas estamos certas
- tu, negra e eu, branca -
que é dentro dos nossos ventres
que germina a esperança.
Glória de Sant'Ana
Poetisa Moçambicana
que bonito :)
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