domingo, 28 de novembro de 2010

"No que diz respeito ao Natal, (…) adoro-o. Traz-me à memória a nossa família, a nossa vida: os avós de Caldelas que vinham passá-lo connosco, as filhós que a avó fazia num alguidar de alumínio, junto ao fogão, e que enquanto levedavam eram visitadas por várias mãozitas (só para provar a deliciosa massa crua); o pai que trazia o barro cru da cerâmica onde trabalhava, para construir a base do presépio, que eu tento recriar todos os anos e que não consigo igualar, nem em beleza nem em cheiro (apesar de também usar musgo). A mãe, que passava a maior parte do tempo na cozinha, com uma paciência que eu não consigo ter. A Missa do Galo, com os cânticos de Natal. A prenda, sim era só uma e oferecida pelo menino Jesus, que nós toda a noite ansiávamos por ver qual seria. A tarde de Natal passada em casa dos avós de Carnide, com os primos, a brincar junto ao candeeiro que ainda hoje se encontra à porta. Mais tarde, já com a família constituída, os nossos almoços juntos, primeiro em casa dos pais, depois porque íamos crescendo em número, no restaurante. As tardes em que aguardávamos a chegada dos tios, que vinham sempre com umas prendinhas, das quais a mais desejada era a casca de noz com o menino Jesus. A felicidade dos pais, por terem a família reunida, o sorriso dos mais novos, irmãos, sobrinhos, filhos. Enfim, o Natal que tanto aprecio não é vivido sem a família que também adoro. Para mim o espírito de Natal está presente em todas estas vivências e em muitas outras, em todas as emoções que os nossos pais nos proporcionaram enquanto crianças e não só, e que me ajudaram e me ajudam a ser melhor pessoa. Como tal, tudo farei para proporcionar algo idêntico aos nossos mais pequenos e continuar a proporcionar aos nossos mais crescidos."