domingo, 28 de novembro de 2010

"No que diz respeito ao Natal, (…) adoro-o. Traz-me à memória a nossa família, a nossa vida: os avós de Caldelas que vinham passá-lo connosco, as filhós que a avó fazia num alguidar de alumínio, junto ao fogão, e que enquanto levedavam eram visitadas por várias mãozitas (só para provar a deliciosa massa crua); o pai que trazia o barro cru da cerâmica onde trabalhava, para construir a base do presépio, que eu tento recriar todos os anos e que não consigo igualar, nem em beleza nem em cheiro (apesar de também usar musgo). A mãe, que passava a maior parte do tempo na cozinha, com uma paciência que eu não consigo ter. A Missa do Galo, com os cânticos de Natal. A prenda, sim era só uma e oferecida pelo menino Jesus, que nós toda a noite ansiávamos por ver qual seria. A tarde de Natal passada em casa dos avós de Carnide, com os primos, a brincar junto ao candeeiro que ainda hoje se encontra à porta. Mais tarde, já com a família constituída, os nossos almoços juntos, primeiro em casa dos pais, depois porque íamos crescendo em número, no restaurante. As tardes em que aguardávamos a chegada dos tios, que vinham sempre com umas prendinhas, das quais a mais desejada era a casca de noz com o menino Jesus. A felicidade dos pais, por terem a família reunida, o sorriso dos mais novos, irmãos, sobrinhos, filhos. Enfim, o Natal que tanto aprecio não é vivido sem a família que também adoro. Para mim o espírito de Natal está presente em todas estas vivências e em muitas outras, em todas as emoções que os nossos pais nos proporcionaram enquanto crianças e não só, e que me ajudaram e me ajudam a ser melhor pessoa. Como tal, tudo farei para proporcionar algo idêntico aos nossos mais pequenos e continuar a proporcionar aos nossos mais crescidos."

segunda-feira, 6 de setembro de 2010


Uma mensagem secreta da Al-Qaeda faz soar as campainhas de alarme em Washington. Seduzido por uma bela operacional da CIA, o historiador e criptanalista português Tomás Noronha é confrontado em Veneza com uma estranha cifra: 6AYHAS1HA8RU.

Ahmed é um menino egípcio a quem o mullah Saad ensina na mesquita o carácter pacífico e indulgente do Islão. Mas nas aulas da madrassa aparece um novo professor com um Islão diferente, agressivo e intolerante.

O mullah e o novo professor gladiam-se por Ahmed e o menino irá fazer uma escolha que nos transporta ao maior pesadelo do nosso tempo.

Mais do que um empolgante romance, Fúria Divina é um impressionante guia que nos orienta pelo labirinto do mundo e nos revela os tempos em que vivemos.

Leituras durante as férias


As férias de Mackenzie Allen Philip com a família na floresta do estado de Oregon tornaram-se num pesadelo. Missy, a filha mais nova, foi raptada e, de acordo com as provas encontradas numa cabana abandonada, brutalmente assassinada. Quatro anos mais tarde, Mack, mergulhado numa depressão da qual nunca recuperou, recebe um bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o a voltar à malograda cabana. Ainda que confuso, Mack decide regressar à montanha e reviver todo aquele pesadelo. O que ele encontrará naquela cabana vai mudar a sua vida para sempre.

terça-feira, 31 de agosto de 2010










Hospital Júlio de Matos.
Estou sentada num café
perto deste hospital.
Ao meu redor,
vagueiam pessoas diferentes,
com olhar diferente,
com vidas que só elas entendem
(ou talvez não).
Pessoas a quem a vida não sorriu
e que,
por um motivo ou outro,
lhes mudou o mundo interior.
e a sua visão do mundo exterior.
E nós, mundo exterior,
como vemos estas pessoas?
como aceitamos estas pessoas?
Sim, porque é de pessoas que se trata!
Pessoas como eu, tu, todos nós,
apenas com uma visão muito própria
da sua própria vida.
Muitas delas estão isoladas;
isoladas do mundo,
da sociedade,
da família.
Mas não deixam de ser pessoas.

domingo, 1 de agosto de 2010

Há uns dias atrás alguém me definiu como uma pessoa assertiva.

Pesquisei o significado dessa palavra e encontrei o seguinte:


“O termo assertividade origina-se de asserção, fazer asserção quer dizer afirmar, do latim “afirmare”, tornar firme, consolidar, confirmar e declarar com firmeza.

Assertividade é o ingrediente dos relacionamentos proveitosos. Nesse tipo de relacionamento temos a vontade de defender os nossos direitos, mas ao mesmo tempo somos capazes de aceitar que os outros também tenham os seus. A pessoa com comportamento assertivo ouve bastante e procura entender, trata as pessoas com respeito, aceita acordos, soluções, vai direito ao assunto sem ser áspero, insiste na procura do seu objectivo. Quando se relaciona com o outro a sua expressão corporal, se transmite por um contacto visual suficiente para dar a entender que é sincero, seu tom de voz é moderado, neutro, mas firme, sua postura é comedida e segura e de acordo com as palavras.

Ao ser assertivo o indivíduo desenvolve a confiança, defende as suas ideias e suas posições, sabe ouvir, sabe lidar com a critica , respeita os outros, sabe o que quer em cada momento.”


Obrigada, Teresa, pelas tuas palavras.


sábado, 15 de maio de 2010





De acordo com o calendário litúrgico cristão, na Quinta-Feira da Ascensão comemora-se a ascensão de Cristo Salvador ao Céu, após ter sido crucificado e ter ressuscitado. Esta data móvel encerra um ciclo de quarenta dias após a Páscoa. Lá diz o rifão: "Da Páscoa à Ascensão, 40 dias vão."
Na Quinta-Feira da Ascensão celebra-se igualmente o Dia da Espiga. Era tradição, as pessoas irem para o campo neste dia, para apanhar a espiga de trigo e outras plantas e flores silvestres. Faziam um ramo que incluía pés de trigo e/ou centeio, cevada, aveia, um ramo de oliveira, papoilas e margaridas. O ramo tinha um valor simbólico. Simbolizava a fecundidade da terra e a alegria de viver. As espigas simbolizavam o pão e a abundância, as papoilas o amor e a vida, o ramo de oliveira a paz e as margaridas o ouro, a prata e o dinheiro. De acordo com a tradição, o ramo devia ser pendurado dentro de casa, na parede da cozinha ou da sala, aí se conservando durante um ano, até ser substituído pelo ramo do ano seguinte. Havia a crença que o ramo funcionava como um poderoso amuleto que trazia a abundância, a alegria, a saúde e a sorte. Lá dizia o rifão: "Quem tem trigo da Ascensão, todo o ano terá pão." E porquê? Porque se acredita naquilo que diz o cancioneiro popular alentejano:

"Tudo vai colher ao campo
Quinta-feira d'Ascensão,
trigo, papoila, oliveira.
p'ra que Deus dê paz e pão." [1]

"Quinta-feira de Ascensão
As flores têm virtudes,
Quis amar teu coração,
Fiz empenho mas não pude." [2]

A origem festiva do Dia da Espiga, coincidente com a Quinta-Feira da Ascensão, é muito anterior à era cristã. Na verdade, este dia é um sucessor claro de rituais pagãos, praticados durante séculos, por todo o mundo mediterrâneo, em que grandiosos festivais de cantares e danças, celebravam a Primavera e consagravam a natureza. Neles se exortava o eclodir da vida vegetal e animal, após a letargia dos meses frios, bem como a esperança nas novas colheitas. O Dia da Espiga era assim como que uma bênção aos primeiros frutos e marcava o início da época das colheitas.
A Igreja, à semelhança do que fez com outras ancestrais festas pagãs, cristianizou o Dia da Espiga. A data atravessa assim os tempos com uma dupla significação:
- como Quinta-feira de Ascensão, para os cristãos, assinalando, a ascensão de Jesus ao Céu, ao fim de 40 dias;
- como Dia da Espiga, traduzindo aspectos e crenças não religiosos, mas exclusivos da esfera agrícola e familiar.



Bilhete postal ilustrado do 2º quartel do século XIX, edição A.V.L. (Lisboa), reproduzindo aguarela de Alfredo Moraes (1872-1971).