quarta-feira, 13 de abril de 2011

Herbert Spencer e o Espectro de Comte

Síntese do Conteúdo

O artigo “Herbert Spencer e o Espectro de Comte” refere a tentativa de Spencer de se libertar da associação que lhe era feita das ideias de Auguste Comte e, sobretudo, do Positivismo. Spencer preocupava-se em descredibilizar Comte e a sua hierarquização das Ciências. Sentindo-se criticado pelos positivistas e comtistas, Spencer fez uma lista das áreas de acordo com Comte mas elaborou uma lista muito maior e mais detalhada das diferenças.

“Spencer falava da filosofia da Comte sem ter um conhecimento aprofundado das suas obras; apropriou-se de vários termos de Comte e o seu pensamento foi directamente influenciado pela controvérsia”.

Comentário crítico

Auguste Comte e Herbert Spencer foram dois dos primeiros teóricos da sociologia. Ambos estudaram a sociedade e os vários modos das pessoas interagirem na sociedade. Tanto um como o outro tinham em comum algumas questões acerca da ciência da sociedade mas divergiam nos pontos de vista da função da sociologia.

Para Comte era fundamental entender o momento presente para compreender a evolução do espírito humano e este, no seu esforço para explicar o universo, tinha passado por três estados: teológico, metafísico e positivo. A descoberta das leis de organização social humana para reconstruir a sociedade de uma forma mais humana era igualmente importante.

Para Spencer era necessário demonstrar que a evolução social não dependia da vontade humana e argumentava que as leis da organização humana poderiam ser desenvolvidas concentrando-se no crescimento e na complexidade da sociedade, visto que essas causas criavam pressões para o aumento da interdependência e troca entre as pessoas e organização de uma sociedade e o aumento do uso do poder para regular, controlar e coordenar as actividades desses membros e unidades organizacionais. Fundou, assim, uma teoria sociológica conhecida como funcionalismo, em que a função de uma estrutura social na manutenção da sociedade era destacada.

Segundo Comte, as ciências classificam-se de acordo com a ordem crescente de complexidade. Da Matemática à Sociologia (passando pela Astronomia, Física, Química e Biologia), a ordem é do mais simples ao mais complexo, do mais abstracto ao mais concreto e com uma proximidade crescente em relação ao homem; as ciências mais complexas e mais concretas dependem das mais abstractas.

A classificação de Spencer, ao contrário da abordagem evolutiva de Comte, representa uma lógica baseada na abstracção (maior ou menor grau de abstracção), classificando as ciências em três grupos: as ciências abstractas que estudam a forma dos fenómenos (Lógica e Matemática); as ciências concreto-abstractas que estudam os próprios fenómenos nos seus elementos (Mecânica, Física e Química) e as ciências concretas que estudam os próprios fenómenos na sua totalidade (Astronomia, Geologia, Biologia, Psicologia e Sociologia).

“Enquanto Comte se propõe interpretar a génese do nosso conhecimento da natureza – subjectivo –, Spencer propõe a interpretação da génese dos fenómenos que constituem a natureza – objectivo”. Esta era a explicação de Spencer para se distanciar da acusação que lhe faziam de ser um positivista e de seguir as ideias de Comte.

Ambos acreditavam que a relação do homem com a sociedade podia ser estudada cientificamente.

Para Comte, a Sociologia é o estudo positivo das leis próprias aos fenómenos sociais e, em termos de organização interna, divide-a em Estática Social (estuda cada um dos elementos das estruturas sociais e as suas relações em determinado momento do tempo) e Dinâmica Social (estuda a forma como esses elementos evoluem, estando sempre em interligação).

Para Spencer, a Sociologia é um instrumento dinâmico ao serviço da reforma social; considerava a evolução natural como chave de toda a realidade. Para ele não existiam diferenças metodológicas entre o estudo da natureza e o estudo da sociedade. O princípio que unia os dois campos era o da evolução cujas leis, propostas pela Biologia, eram universalmente aceites; os factos específicos do funcionamento das sociedades estão, por isso, sujeitos à lei geral da natureza. Spencer compara a sociedade a um organismo biológico onde se passa de um estágio primitivo, com uma estrutura simples e homogénea, a estágios progressivamente mais complexos e heterogéneos (de pequenas sociedades sem qualquer organização política e de reduzida divisão de trabalho, as sociedades tornam-se mais complexas onde a autoridade política se torna organizada, aparecendo várias funções económicas e sociais e exigindo maior divisão de trabalho.

Bibliografia

EISEN, SYDNEY, Herbert Spencer and the Spectre of Comte

http://www.oppapers.com/essays/Comte-Vs-Spencer/51907
http://www.webartigos.com/articles/23914/1/A-SOCIOLOGIA-E-AS-TEORIAS-SOCIOLOGICAS-/pagina1.html#ixzz15LnhnKq7

http://www.airtonjo.com/socio_antropologico03.htm

http://www.infopedia.pt/$herbert-spencer

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