quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ensaio sobre As Comunidades Transnacionais em Portugal

Nas últimas décadas Portugal tem vindo a constituir um destino de imigração. Os primeiros fluxos migratórios significativos têm origem nas ex-colónias portuguesas, principalmente Cabo Verde. Com o processo de descolonização mais de meio milhão de pessoas instalou-se em Portugal sendo, no entanto, a grande maioria dos migrantes composta por cidadãos nacionais.

Na década de 80 verifica-se a chegada de imigrantes asiáticos (sobretudo indianos, paquistaneses e chineses) e dos imigrantes sul-americanos (nomeadamente brasileiros).

Também nesta década o número de imigrantes provenientes de países da União Europeia tem vindo a aumentar e está, em geral, associada a investimentos estrangeiros, implantação de empresas multinacionais e à instalação de núcleos de reformados.

Nos anos 90 verifica-se a emergência de novos imigrantes europeus (designadamente oriundos da Europa de leste - romenos, ucranianos e outros), a diversificação das origens tradicionais dos PALOP, com forte crescimento guineenses, angolanos e são-tomenses.

As comunidades de imigrantes revelam importantes diferenças entre si.

Existem várias associações de imigrantes que têm a sua acção centrada em três domínios: socioeconómico, cultural e político legal.

Estudos sobre comunidades migrantes e associativismo têm-se centrado sobretudo nos processos de aculturação, de integração e de mobilização étnica dos imigrantes, circunscrevendo as análises à relação entre os imigrantes e os países de acolhimento. Mais recentemente, os conceitos de “comunidades transnacionais de migrantes” e de “campo social transnacional” pretendem captar as interacções, as trocas, os fluxos de capital, de informação e de bens simbólicos que têm estruturado a relação dos imigrantes com o país de origem e com o país de acolhimento.

Critérios de comunidades transnacionais:

Movimento (vai e vem regular) – circulação relativamente frequente entre locais situados no país de origem e/ou em diversos países de destino associada a uma troca de informações regular;

Cultura migratória activa – existência de um “saber circular” que pressupõe a interiorização dos mecanismos inerentes ao processo de cruzamento de fronteiras nacionais, incorporando as estratégias de vida dos cidadãos, tanto as possibilidades oferecidas pelas localidades situadas dentro das fronteiras do seu estado de origem, como pelos diferentes nós espaciais da diáspora;

Consciência de pertença a uma diáspora – isto é, a consciência da pertença a um grupo disperso por diversos locais do mundo que partilha uma mesma memória étnico-cultural colectiva e que mantém laços, reais ou simbólicos, com o território de origem, seja dos próprios ou dos seus antepassados.

A nível cultural, a convergência dos modos de vida em resultado da difusão de uma cultura universal é facilitada pelo desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação.

A combinação das tecnologias electrónicas, especialmente da televisão, com os fluxos migratórios em massa está a gerar comunidades transnacionais, partilhando gostos, prazeres e aspirações de carácter colectivo e global, através do cinema, cadeias de restaurantes, vestuário).

Alguns exemplos da preservação da cultura própria de certos grupos sociais são os restaurantes de comida típica dos países de origem dos imigrantes (China, Índia, Brasil e alguns países Africanos), a música (sobretudo brasileira e africana), o comércio (“lojas dos chineses”, a zona do Martim Moniz e da Av. Almirante Reis onde predomina o comércio de imigrantes dos países do Magreb).

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